domingo, setembro 11, 2022

Alice Cooper: as oito músicas dos anos 1960(*) favoritas da Titia.

De acordo com matéria publicada por André Garcia no Whiplash.Net/ em 10 de setembro de 2022.
As escolhas são tão boas que fizemos uma playlist! Em nossa opinião Alice Cooper deveria ter escolhido mais músicas.

(*) Tirando a faixa do JANES ADDICTION, que é de 1990, todas as outras são dos anos sessenta.




Confira a matéria original: As oito músicas que Alice Cooper levaria para uma ilha deserta. 

https://whiplash.net/materias/news_715/344728-alicecooper.html

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Comentários da Tia sobre cada escolha:

01 - "Bem, The Yardbirds era nossa maior influência. Quando éramos moleques aprendemos todas as músicas dos Beatles, aprendemos todas dos Rolling Stones… Aquelas eram as bandas obrigatórias, tudo que você precisava conhecer, a partir dali você ia desenvolvendo seu próprio estilo. The Who e Yardbirds foram duas bandas que literalmente nos fizeram parar o carro e ficar, tipo: 'O que foi aquilo?' E essa música, em específico, até hoje ninguém fez algo tão inventivo quanto."

(Roger the Enginner, de 1966).

02- "Quando tinha 12 anos, eu morava em Van Nuys, Califórnia, e os The Beach Boys eram a parada antes dos Beatles. 'I Get Around' saiu e era diferente de tudo que havia na época. Aquilo era algo que falava por todos os garotos, sabe? 'Estou ficando de saco cheio de dirigir sempre pelo mesmo caminho. Tenho que encontrar um novo lugar onde a garotada seja legal.' Aquilo fala diretamente comigo até hoje. Toda vez que aquela música toca, eu aumento o volume."

(All Summer Long, 1964).

03 - "O The Who possuía uma estranha combinação: eles podiam tocar músicas pauleiras como 'My Generation', mas também tinham um lado pop. Eles lançaram músicas que eram muito boas, como 'Substitute'. Eu escolhi 'I'm a Boy' porque era totalmente invasão britânica."

(Single, 1966).


04 - "Laura Nyro (nota do Rock Dissidente: que era vegana e LGBT) talvez seja a compositora mais subestimada de todos os tempos. Nos dois primeiros discos dela todas as faixas são hits. O segundo, 'Eli and the Thirteenth Confession' me pegou pela garganta, tipo Burt Bacharach, sabe? Ela era a Burt Bacharach (nota do Rock Dissidente: pianista e compositor estadunidense da mesma época. Mas que chata essa mania de sempre comparar uma mulher com um homem, hein Tia!) feminina. Ouvi aquele disco até arranhar."

(Eli and The thirtheen confession, 1968).


Laura Nyro.

05 - "Nossa banda devorava discos, nós amávamos os que vinham na Ingleterra. As bandas inglesas eram muito criativas, e elas estavam fazendo todo tipo de coisa. Nós ouvimos o In the Court of the Crimson King, do King Crimson, e de cara veio a música '21st Century Schizoid Man'. Eu disse 'Ninguém consegue tocar assim'. Eu já tinha ouvido milhares de bandas, tirando Frank Zappa & The Mothers, ninguém podia tocar como King Crimson. Então eu fiquei literalmente sem palavras."

(In The Court of the Crimson King, 1969).

06 - "James Addiction, outra música que me fez literalmente parar o carro, que era diferente de tudo. Não era como qualquer outra coisa que eu já tivesse ouvido, e até hoje ainda é umas das únicas músicas já feitas".

(Ritual de lo habitual, 1990).

07 - "Paul Butterfield era a versão americana dos Yardbirds. O que Paul Butterfield Blues Band fez com o rock e blues foi de explodir a cabeça."

(East West, 1966).

08 - "Bob Dylan, o laureado poeta americano, ele é tão rebelde, e mesmo assim, se você prestar atenção, tem tanta coisa rolando nas letras desse cara, ele está entre os melhores. Eu tive que escolher uma, mas poderia ter escolhido 50 músicas diferentes de Dylan. Entretanto, por algum motivo essa música sempre me assombrou."

(Highway 61 Revisited, 1965).

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terça-feira, julho 13, 2021

A CHAVE DO SOL: lançando seis discos de uma vez após 33 anos sem álbuns novos.

Tendo já tocado na PATRULHA DO ESPAÇO, PEDRA, LINGUA DE TRAPO, PITBULLS ON THE CRACK etc, além de já ter colaborado em diversos sites e revistas (com a Bass Player), o veterano do Rock'n'Roll paulista Luiz Domingues é sempre lembrado por sido baixista do grupo A CHAVE DO SOL (1982-1987) e da dissidência do mesmo chamada A CHAVE / THE KEY (1988-1990). Após trinta e três anos sem lançar discos, A CHAVE DO SOL soltou entre 2020 e 2021 SEIS (!!!) cd's piratas "oficiais", no formato bootleg, só com raridades! As bolachinhas contém músicas inéditas, demos, shows ao vivo e releituras de outros artistas. São álbuns que irão fazer a alegria de todos os fãs do extinto grupo de Hard Rock.


Luiz Domingues em foto de Anna Fuccia com a discografia d' A CHAVE DO SOL, oficial e pirata, transformada em almofadas promocionais.

Para falar e explicar aos fãs mais sobre esses discos piratas (que originalmente seriam lançados com almofadas comemorativas da banda e um show de reunião), Luiz falou com Will Dissidente do blog: A CHAVE DO SOL.

Esta conversa é a segunda parte deste bate-papo. Não deixe de ler a primeira parte da entrevista, em que o baixista conta em pormenores como teria sido o show de reunião, impedido pela pandemia e depois pelo trágico falecimento de Rubens Gióia.








01 - A CHAVE DO SOL havia acabado em dezembro de 1987, lançando seu último disco, o "The Key" pouco tempo antes. Agora, trinta e três anos depois, vocês tem não só um disco, mas uma série de seis discos na praça e até almofadas da banda seriam disponibilizadas para os fãs no show de reunião. Como é isso de após tanto tempo em silêncio estarem cheios de lançamentos? O que os demais membros acharam dos lançamentos?


Luiz - Bem, eu sempre desejei colocar esse material engavetado na praça. Faltou nesses anos todos, recursos. Em 2015, quando eu comecei a lançar material de vídeo inédito, com o apoio maravilhoso da produtora cultural, Jani Santana Morales, já foi o início desse processo. Quando o Rubens quis gravar um disco novo, eu cheguei a falar com ele sobre tal intento da minha parte, se ele aceitaria me ajudar a colocar o material antigo em disponibilidade, mas ele disse que não, pois preferia investir em material novo. Somente em 2019 eu reuni condições financeiras para resgatar fotos e digitalizar as fitas K7 e só então comecei a produção dos bootlegs.


Mantive em silêncio a minha produção e apenas quando os discos já estavam saindo e as almofadas com as capas dos álbuns, idem, eu mostrei para eles e claro que adoraram a novidade, motivados para lançarmos tudo no show marcado para julho de 2020. Mas aí veio a pandemia e aniquilou essa reunião histórica, pois não obstante a situação caótica em que o país (e o mundo) mergulhou, eis que a fatalidade com o Rubens nos minou definitivamente em torno desse planejamento.






02 - O Rubens tinha a ideia de juntar o power trio clássico para gravar oficialmente a música "Saudade", de 1986, que havia ficado sem registro oficial. Já você, Luiz, queria lançar o material antigo gravado de forma demo e bootleg. Qual era a ideia de José Luis? Como vocês resolveram esse impasse?


Bem, o Dinola depois do show na Virada Cultural, ficou arredio em relação a uma reunião com A Chave do Sol. Ele só voltou a se animar com o projeto do show de 2020 e dos bootlegs. Ele não se manifestou sobre regravar "Saudade" em 2015, com eventuais músicas inéditas.






03 - Luiz, para quem acompanha o seu trabalho ou o blog: A CHAVE DO SOL sabe que algum do material que é lançado agora havia sido disponibilizado anos atrás em promos do youtube. Todavia, a qualidade do material de agora é infinitamente superior ao de outrora. Tanto a qualidade de áudio dos shows e demos. O mais interessante é o bootleg com a cantora Verônica Luhr que as músicas estavam todas cortadas e agora estão inteiras. Essa melhora do material resgatado deve-se ao trabalho do guitarrista Kim Kehl. Como foi a participação dele e qual sua importância para que esses CD's soem tão bem?

Você observou muito bem! A participação do Kim Kehl no projeto, foi total! Eu havia digitalizado alguma material anteriormente e o lançado no YouTube, como você observou, mas esse trabalho fora feito em estúdios em que eu não mantinha amizade com os seus produtores, portanto, eles fizeram um trabalho padrão, sem tratamento adequado para melhorar o áudio e me trataram como um cliente que vai digitalizar fitas caseiras com interesse familiar em torno de se registrar festas de casamento, batizados, aniversários e festinhas escolares.

Com o apoio do Kim, eu levei as fitas K7 novamente para um novo processo de digitalização e o capricho que ele teve para digitalizar melhor, preparar o áudio e achar soluções para alguns problemas que pareciam insolúveis, foi algo excepcional. A dedicação dele, aliado ao fato dele ser um grande músico e contemporâneo d'A CHAVE DO SOL, portanto a respeitar muito o nosso trabalho, foi fundamental para que o áudio fosse muito melhorado, ao ponto de justificar o seu lançamento em discos Bootlegs.

A gravação daqueles dois shows de 1982 e 1983, gravados de forma ultra precária com a presença da nossa então vocalista, Verônica Luhr, estava muito prejudicada, mas ele fez um milagre ali e conseguiu materializar e imortalizar a passagem dela conosco, portanto, que maravilha para preservar a história da nossa banda. Pena que não haja nenhuma música própria da nossa banda para esse disco e apenas interpretação de releituras, porém, vale o registro da voz dela que era (é) um estouro!


A CHAVE DO SOL em fevereiro de 1987: fase que está registrada no bootleg "Dose Dupla", com as duas demo-tapes registradas por essa formação. Foto de Tereza Pinheiro.


04 - O guitarrista Kim Kehl, além de salvar fitas já à beira de se perderem, assina todo o trabalho gráfico da série de discos piratas oficiais. Você trabalhou junto com ele na arte? Como foi o processo?

Esse foi mais um mérito dele. O Kim é muito criativo e como já havia elaborado capas para alguns álbuns d'OS KURANDEIROS, eu não tive dúvida em lhe pedir essa produção completa igualmente. A criação foi toda dele, eu só opinei em poucos pontos e lhe forneci material de fotos. Havia um projeto de existir um encarte com um texto mais robusto, e escrito de minha parte, mas o encarecimento desse processo inviabilizou-se e assim, optamos em conjunto pela simplicidade no acabamento final.






05 - Luiz, agradecemos muito do seu tempo, do seu apoio e de sua dedicação à banda e ao blog: A CHAVE DO SOL. Fica aberto o espaço para você deixar seu recado final para todas e todos que nos acompanham!



Eu agradeço muito a você, Will, pela dedicação em manter o Blog A Chave do Sol no ar, lançar matérias no seu Blog próprio e em veículos em que colabora. Agradeço aos fãs e neste caso, eu me sensibilizo por saber que uma banda que encerrou atividades há quase 34 anos, ainda repercuta dessa forma. Fiquem atentos, que novidades poderão surgir!

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Ficou curioso para conhecer os bootlegs?

Eles vêm no formato envelope simples, sem plástico interno ou externo, e mídia de cdr impresso. Eles podem ser adquiridos nas lojas Baratos Afins e Aqualung da Galeria do Rock ou Blue Sonic da Galeria Nova Barão, todas no centro velho de São Paulo, capital.

Eles também podem ser adquiridos com o baixista Luiz Domingues no e-mail ou pelas redes sociais (logo abaixo):



Volume 01:

Volume 02:

Volume 03:

Volume 04:

Volume 05:

Volume 06:



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Acompanhe o Luiz Domingues pela internet:


Conheça OS KURANDEIROS, banda que Luiz Domingues toca atualmente:



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A CHAVE DO SOL: discografia

Luz / 18 Horas (Compacto, 7", 1984).
A Chave do Sol (EP, 12", 1985).
The Key (Full Lenght, LP, 1987).
A Chave do Sol (Compilação, Cd, 2001).
Ao Vivo 1982 / 1983 (Bootleg, Cd, 2020).
Demo Tape 1983 (Bootleg, Cd, 2020).
Teatro Piratininga /SP 1983 (Bootleg, Cd, 2020) .
Ao Vivo em Limeira/SP 1983 (Bootleg, Cd, 2021).
Teatro Lira Paulistana 1985 (Bootleg, Cd, 2021).
Dose Dupla 1986 (Bootleg, Cd, 2021).

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quarta-feira, junho 16, 2021

SKID ROW: Bach detona relançamento em vinil de "Slave To The Grind".

Comentários assim podem ser um balde de água fria nos fãs que compraram o relançamento do disco "Slave To The Grind", considerado em 1991 como o primeiro de todos os discos de Heavy Metal a estrear como álbum mais vendido na listagem revista da Billboard, e gostaram da nova edição. 

Aproveitando para divulgar que também irá fazer uma turnê nos Estados Unidos comemorando os 30 anos do lançamento do disco "Slave To The Grind", à partir de outubro, o ex-vocalista das bandas SKID ROW e MADAM X, fez um vídeo abrir a versão relançada em vinil duplo da referida obra de seu grupo mais famoso. O que chama a atenção ao se  assistir ao vídeo, contudo, é que Sebastian Bach não gosta do relançamento de 2020. Além de muitas críticas, só achar capa legal só pelas cores vibrantes e o novo formato gatefold, o ex-vocal mais famoso do SKID ROW diz que som ficou com qualidade muito inferior a do álbum original de 1991.

Irônico desde o começo do vídeo, quando diz que está sentado com seus queridos amigos da banda SKID ROW e então mostra o sofá vazio, o cantor inicia o vídeo dizendo que ele não tinha nada a ver com o presente relançamento e não sabe se ele vêm das fitas originais de gravação. Logo depois, Bach se espanta ao ver o nome de Matt Block, como produtor do vinil, que o cantor diz desconhecer. 



Fonte:
https://www.blabbermouth.net//news/ex-skid-row-singer-sebastian-bachs-slave-to-the-grind-30th-anniversary-u-s-tour-to-kick-off-in-october/

Dai em diante são várias críticas feitas, como não indicar a rotação do disco, o nome grafado errado do guitarrista Dave "The Snake" Sabo e não constar o nome de Rob Halford na versão bonus track de "Delivering the Goods" do JUDAS PRIEST, que nem o recém aposentado produtor Michael Wagener, nem George Marino (que fez a masterização original) tem qualquer coisa a ver com a nova versão do disco.

Colocando o disco de 1991 e o de 2020 para tocar na mesma vitrola (sem mexer no botão de volume), Bach argumenta que essa nova masterização vêm de fonte digital e não da analógica, a tornando mais baixa e compactada. O cantor ficou tão desapontado que só ouviu um pedaço da canção "Monkey Business", nem se interessando em ouvir o segundo disco com as faixas bônus. Além das cores, Bach só elogia o relançamento por terem acertado os créditos das músicas.

Finalizando, Bach só aconselha comprar essa versão a quem não tem o LP original de 1991, que segundo ele, está muito difícil de se conseguir. O vocalista ainda acrescenta que produção e banda algum dia deveriam tentar encontrar as fitas masters originais de "Slave To the Grind" para dar aos fãs o que eles querem, mas acredita que isso não vai acontecer.

Acompanhe no vídeo abaixo (sem legendas):

 

Segundo o site Blabermouth, tanto Sebastian Bach, como sua banda antiga banda SKID ROW, agora com nova formação, tem planos para fazer turnês separadas no fim de 2021 para comemorar as três décadas do disco "Slave To The Grind".

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Ainda que não seja citado textualmente no vídeo, a versão que Bach faz o unboxing é a da "Run Out of Groove" que é com capa dupla (o disco original é em capa simples), deluxe, dois discos de vinil vermelhos de 180 gramas e limitada a 4 mil cópias no mundo todo, lançada em outubro de 2020. De acordo com o site Discogs.com, uma cópia dessa versão sai por não menos que R$ 539,40.



Fonte:
https://www.metal-rules.com/2020/03/20/skid-rows-sophomore-album-slave-to-the-grind-to-be-released-by-run-out-groove-for-record-store-day/


Disco 01:

Lado A

01 . Monkey Business (04:17)
02 . Slave To The Grind (03:28)
03 . The Threat (03:45)
04 .  Quicksand Jesus (05:21)

Lado B

01 . Psycho Love (03:58)
02 . Get The Fuck Out (02:42)
03 . Livin’ On A Chain Gang (03:56)
04 . Creepshow (04:07)
05 . In A Darkened Room (03:56)

Disco 02:

Lado A

01 . Riot Act (02:37)
02 . Mudkicker (03:52)
03 . Wasted Time (05:46)
04.  Beggar’s Day (04:02)

Lado B

01 . Holidays In The Sun (cover do SEX PISTOLS) (03:37)
02 .  Get The Fuck Out (Live Wembley 1991) (bonus track) (05:31)
03.  Delivering The Goods (Live Arizona 1992) (cover do JUDAS PRIEST) (04:52

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terça-feira, abril 20, 2021

A CHAVE DO SOL: bombástico cd ao vivo com o vocal do ANO LUZ em 1985.

RESENHA - Teatro Lira Paulistana 1985.
NOTA - 10,00.

Dia 31 de janeiro de 1985 A CHAVE DO SOL faria sua terceira aparição com o incrível vocalista Francisco "Fran" Dias Alves,  que vinha do grupo ANO LUZ. Por ser o primeiro show completo esse evento foi divulgado com a estreia do novo vocalista d' A CHAVE DO SOL, que à partir dai imprimiria uma nova identidade musical, cênica e visual à banda. A gravação desse show havia histórico para o grupo paulista de Hard Rock havia sido perdida em 1990, todavia foi encontrada e restaurada à partir de uma fita de rolo de 1/2 polegada garantindo qualidade excelente para o quinto bootleg da série lançada pelo baixista Luiz Domingues. Esse CD apresenta muito Hard Rock agitado, instrumentais inéditos, músicas de outros trabalhos com o Fran nos vocais e as últimas aparições de Rubens Gióia como vocalista. Acompanhe a transição da velha A CHAVE DO SOL mais jazz-rock e prog-rock para A CHAVE DO SOL mais pesada, com um vocalista de Heavy Metal, que ficou conhecida pelo LP "Anjo Rebelde", gravado pelo Fran.



Mudando pela penúltima vez de vocalista, a veterana A CHAVE DO SOL, naquele janeiro de 1985, resolvera radicalizar: se até então seus vocalistas tinham voz mais "aveludada" agora tentariam um vocalista de voz rouca e rasgada, que condizia com a proposta do grupo de "entrar no som dos anos 1980", que era mais rápido, pesado e direto do que o praticado até então. Esse CD ao vivo, o quinto da série lançada pelo baixista Luiz Domingues, indiscutivelmente é o de maior qualidade de todos e apresenta um show que mostra A CHAVE DO SOL do primeiro single dando lugar à mesma banda em seu primeiro EP. Isso quer dizer que: esse show já apresenta as canções Hard Rock que marcam o trabalho de estúdio de 1985 em diante, mas ainda contém, como se fosse uma despedida, um presente para os fãs antigos dos temas mais Jazz Rock que faziam o repertório do grupo desde sua fundação em setembro de 1982. O que nunca mudou foi o virtuosismo e convenções jazzísticas nas passagens de suas músicas, assim como a qualidade das mesmas. 


O CD abre, sem introdução, com a instrumental "A Dança das Sombras". Com um clima mais Rock'n'Roll dos primórdios e muitos malabarismos no andamento, esse número foi lançado em CD, na versão de estúdio, no Bootleg volume 2 . Após esse aquecimento, com destaque para o solo de Rubens, Fran já chega mandando "Anjo Rebelde", um tema que os fãs estão acostumados a o ouvir cantando. Na sequência, a ecológica "Intenções", de Luiz Domingues, ganha sua versão definitiva na voz do estreante cantor. Diferente dos bootlegs anteriores, aqui o já citado baixista e o baterista José Luis Dinola esmigalham seus instrumentos, mas não cantam no CD. E, após essa dobradinha, Fran cumprimenta o teatro e segue um belo tema, da fase mais Jazz Rock cantada pelo guitarrista Rubens  Gióia. O longo e até então inédito "Reflexões Desconexas" possui convenções intrincadas de bateria e baixo e o primeiro solo de baixo do disco. Segue a conhecida instrumental "Crisis Maya" e o baixista (e então comunicador do grupo) anuncia a entrada do vocalista Fran e segue-se a excelente e longa "No Reino do Absurdo", outra pérola! A canção instrumental, mais rock progressivo, foi intercalada com a inédita balada "Dama da Noite", cantada pelo guitarrista Rubens Gióia. Esse som mesclado ficou de fazer delirar os fãs da "primeira época" da banda e finalmente em uma só, ambas se encontram lançadas. Nesse tocante fazemos um parênteses para elogiar o quanto Rubens, além de tocar loucamente, sabia colocar sua voz em composições "mais leves" como essa. É uma pena que A CHAVE DO SOL não tenha lançado um disco com ele como vocalista em 1984.



"Teatro Lira Paulistana 1985" vem no formato envelope, sem plástico interno ou externo e mídia de cdr impresso.

Por ser o show de estreia do vocalista novo sente-se falta do mesmo, já que vêm ai mais dois temas instrumentais, "18 Horas", aqui com um contagiante solo de bateria e depois um trecho de "Átila". Essa não foi lançada oficialmente, mas está presente nos bootlegs 2, 3 e 4 e aqui fica como a introdução de "Luz". Fran retorna para a trinca final do CD. Para os fãs do LP com ele nos vocais, esse é o segmento mais interessante do álbum . Ele chega cantando a conhecida "Luz", em sua única versão na sua peculiar e rouca voz. Seguimos com a matadora "Segredos" e sua alta velocidade característica. O número está quase igual a versão de estúdio e é de se entender o porquê dos fãs de Heavy Metal terem começado a curtir A CHAVE DO SOL após o EP de 1985. Mais paulada vêm com a faixa "Ufos". Diferente da anterior, essa tem a letra ligeiramente diferente da que seria registrada em disco nos próximos meses e parte instrumental maior. Não obstante, segue a mesma enérgica e entusiasmada interpretação. Seria o encerramento, mas teve "Anjo Rebelde" de bis. Mas a mesma faixa de abertura do disco? Sim, porém aqui Fran solta totalmente a voz e ainda rolou um efusivo e imperdível improviso que fazem essa versão ser válida de ser conferida. 


Finalizando, em termos de qualidade e gravação, esse bootleg tem qualidade de disco ao vivo oficial. A banda, outra vez, estava afinadíssima e com ganas e entusiasmo para fazer o seu melhor. Para os fãs de ANO LUZ e fãs específicos do Fran fica a impressionante exclamação de como ele cantava bem, mas também uma ponta de decepção de metade do repertório não se cantado por ele (sem desmerecer os demais interpretes e temas instrumentais). Para os fãs do trabalho do grupo nos seus primeiros anos temos dois temas inéditos muito bem interpretados pelo guitarrista Rubens Gióia. O EP "Anjo Rebelde" é representado quase inteiro no show, faltando "Um Minuto Além" e "Impeto", que ainda não haviam sido compostos. É um material de muito valor histórico e um presente para os fãs d' A CHAVE DO SOL. Captou o momento de transição da banda. É um disco que vai certamente encantar todos os admiradores d' A CHAVE DO SOL nos diversos momentos da carreira da pioneira banda.

Quem quiser adquirir o esse volume, e os outros quatro anteriores, deve contatar o baixista Luiz Domingues no e-mail ou pelas redes sociais:

luizantoniodomingues2@gmail.com
https://pt-br.facebook.com/luiz.domingues.10
https://www.instagram.com/luizantoniodomingues2/

Saiba mais sobre o show onde esse bootleg foi gravado no relato do próprio baixista Luiz Domingues. 

http://luizdomingues3.blogspot.com/2015/05/a-chave-do-sol-capitulo-9-um-minuto.html


A CHAVE DO SOL:

Fran Alves: Voz
Rubens Gióia: Voz principal nas faixas 4 e 6, backing vocals e guitarra.
José Luiz Dinola: Bateria, backing vocals.
Luiz Domingues: Baixo, backing vocals.

DISCOGRAFIA:

Luz / 18 Horas (Compacto, 7", 1984).
A Chave do Sol (EP, 12", 1985).
The Key (Full Lenght, LP, 1987).
A Chave do Sol (Compilação, Cd, 2001).
Ao Vivo 1982 / 1983 (Bootleg, Cd, 2020).
Demo Tape 1983 (Bootleg, Cd, 2020).
Teatro Piratininga /SP 1983 (Bootleg, Cd, 2020) .
Ao Vivo em Limeira/SP 1983 (Bootleg, Cd, 2021).
Teatro Lira Paulistana 1985 (Bootleg, Cd, 2021).


Teatro Lira Paulistana 1985 -  Crossover Records - Nacional - Bootleg - 59" - 2020.

01. Danças das Sombras (04:37). *
02 . Anjo Rebelde (04:05).
03 . Intenções (04:10).
04 . Reflexões Desconexas (06:40).
05 . Crisis (Maya) (05:27). *
06 . No Reino do Absurdo / Dama da Noite (10:05).
07 . 18 Horas (08:00). * 
08 . Átila (01:53).  *
09 . Luz (02:28).
10 . Segredos (03:39).
11 . Ufos (04:33).
12 . Anjo Rebelde (04:18).

(*) faixas instrumentais.

SITE RELACIONADO: 

http://achavedosol.blogspot.com/

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quinta-feira, março 04, 2021

ANO LUZ: será lançado cd ao vivo com o Fran n' A CHAVE DO SOL em 1985!

 Saudações, amigas e amigos do ANO LUZ!

Está programado para o meio / final deste mês o lançamento de material inédito do nosso saudoso vocalista Fran!

Enquanto seguem os trabalhos para se restaurar material inédito do do ANO LUZ, será lançado o disco "Teatro Lira Paulistana 31/1/1985" d' A CHAVE DO SOL!

O disco "pirata oficial" foi resgatado pelo baixista Luiz Domingues (A Chave do Sol, Patrulha do Espaço, Pitbulls on the Crack, Pedra etc) e trabalhado pelo guitarrista Kim Kehl (OS KURANDEIROS) para eliminar ruídos e chiados, se conseguindo a melhor qualidade de áudio possível dado o estado de conservação da fita original. É uma gravação pirata com o áudio melhorado muito legal!

O show apresentado é considerado o primeiro oficial do Fran como vocalista d'A CHAVE DO SOL! Dos dozes temas presentes no CD, seis são cantados pelo Fran sozinho, quatro são instrumentais e dois são do velho repertório d'A CHAVE DO SOL, ainda com o saudoso guitarrista Rubens Gióia na voz. Cinco músicas neste CD nunca foram lançadas oficialmente pela A CHAVE DO SOL.



Aquele show também marcou a transição d'A CHAVE DO SOL de uma banda mais Jazz-Rock em power trio para o quarteto de Hard Rock que todos conhecemos do EP "Anjo Rebelde", gravado com o Fran.

O CD "Teatro Lira Paulistana 31/1/1985" virá no formato envelope, sem encarte ou plásticos internos e externos e com a mídia cd-r impressa.

Assim que o CD estiver disponível para venda avisaremos aqui na página
.
Outra vez, ainda que seja um disco pirata e que o Fran não cante o show inteiro, esse material é essencial para todos os fãs do vocalista Fran Alves, seja n' A CHAVE DO SOL ou no ANO LUZ!

Um grande abraço a todos!
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Postado originalmente na página do ANO LUZ no facebook:

https://www.facebook.com/BandaAnoLuz/

sábado, fevereiro 13, 2021

A CHAVE DO SOL: em 1983, o último e excelente registro ao vivo da fase power trio.

RESENHA: Ao Vivo em Limeira/SP 1983 - A CHAVE DO SOL.
NOTA: 8,00.


A série de lançamentos bootlegs, ou piratas, no bom português, chega a seu quarto volume. Organizada pelo baixista Luiz Domingues (também ex PATRULHA DO ESPAÇO, PEDRA, PITBULLS ON THE CRACK etc), a série de discos - em formato envelope - resgata demos e shows importantes para a carreira do grupo A CHAVE DO SOL. Com produção sonora  e visual de Kim Kehl (lembra a música "Mar Metálico" da PATRULHA DO ESPAÇO?), esses bootlegs foram retirados de antigas fitas e restaurados ao máximo, tirando ruídos, com excelente resultado final. O show resgatado neste quarto volume é a histórica apresentação d' A CHAVE DO SOL para milhares de pessoas, seu primeiro concerto fora de sua cidade natal, também o último antes da fama, finalmente, chegar e apresenta canções inéditas.


Em meados de 1983, A CHAVE DO SOL se recuperava da perda da vocalista Verônica e procurava lugares maiores para tocar, inclusive chegando a se auto-produzir (em show registrado no volume anterior da série de bootlegs). Foi então convidada para abrir um show da PATRULHA DO ESPAÇO num ginásio da cidade de Limeira, interior de São Paulo, a 180 km da capital. Com público pagante de 2.500 pessoas (estima-se que tivessem mais pessoas, de penetras e convidados, na platéia), essa foi a primeira vez que A CHAVE DO SOL se apresentou fora da capital de São Paulo e esse concerto lhes deu a força e confiança para três dias depois se apresentarem no programa A Fábrica do Som e se tornarem conhecidos do grande público.

Após essa pequena contextualização que o conjunto de Hard Rock / Jazz Rock vivia, vale ressaltar a importância do projeto do baixista Luiz Domingues em lançar esse material, que, não obstante pirata e sem a qualidade de gravação de um disco oficial, representa muito para todos que curtem A CHAVE DO SOL. São "discos piratas oficiais", que acompanhariam o show de retorno d' A CHAVE DO SOL, contando com Rubens Gióia e Luiz Domingues na formação em 2020, que não aconteceu por conta da pandemia do novo Corona vírus. Como já foi frisado, mas não custa ser redundante, são registros oriundos de velhas fitas cassete e de rolo que foram esmiuçadas para serem restaurados ao máximo de qualidade pelo guitarrista Kim Kehl (da banda KIM KEHL E OS CURANDEIROS), que também cuidou da parte gráfica. Ainda assim não espere a qualidade de áudio de um disco oficial ao vivo. O material foi muito restaurado, mas sua qualidade ainda não é 100%.  Não obstante, o som ficou excelente, dadas as condições originais do registro e o fato de não haverem overdubs (correção posterior de estúdio dos instrumentos).




Feitas as ressalvas e contextualizações, vamos ao que o cd apresenta. Esse show tem menos números instrumentais e covers que o concerto lançado no volume anterior, afinal, A CHAVE DO SOL era a banda de abertura da PATRULHA DO ESPAÇO. Não obstante o headliner ter cedido mais tempo de palco ao conjunto mais novo, A CHAVE DO SOL apresentou quase todo seu repertório autoral e também faltaram alguns covers que ainda faziam naqueles tempos. Logo ao se colocar o cd para tocar salta aos ouvidos a qualidade que A CHAVE DO SOL tinha atingido nas suas apresentações na época. O grupo estava tão ensaiado que não se notam erros de tempo ou execução dos temas. Quando muito um backing vocal dura um segundo a mais e só. Para uma banda que então tinha menos de um ano de existência e só uma demo-tape oficial, isso é um mérito e tanto. 

O show abre com "Luz" numa versão bem próxima àquela que ficou eternizada no primeiro registro fonográfico d' A CHAVE DO SOL. Os temas que seguem são um verdadeiro presente aos fãs, pois acabaram não sendo gravadas oficialmente e aqui apresentam sua melhor performance. "Utopia" tem levada à la "Summertime Blues" (na versão do THE WHO), com o baterista Zé Luis nos vocais. "Intenções" tem começo rápido e tempos quebrados que cai numa levada mais "groove" com letra de preocupação ambiental, cantada e escrita pelo baixista Luiz Domingues. Um ponto negativo é que a voz ficou, ainda assim, um pouco baixa, o que é compensado pelo solo de guitarra esmigalhador de Rubens Gióia. Rubens, além da guitarra e da voz, assume a função de mestre de cerimonias apresentando a banda toda - menos ele próprio - durante "18 Horas". Solos de bateria e de baixo, com muitos "urras" da plateia mostram que A CHAVE DO SOL aqueceu o clima naquela noite de inverno. Até pela proposta de ser a apresentação dos musicistas, o tema está bem diferente da versão oficial no single. "Atila" encerra as canções autorais, pouquinho menos da metade do set, e é uma pena que não tenha sido gravada inteira. Felizmente, no volume III da série de piratas, é possível ouvir o tema todo. 


Saiba mais sobre o show onde esse bootleg foi gravado no relato do próprio baixista Luiz Domingues. Como o texto é grande e abrange um longo período de tempo, convém pesquisar por Limeira se você quiser ler somente sobre esse show:

http://luizdomingues3.blogspot.com/2015/05/a-chave-do-sol-capitulo-4-primeira.html

Sete das doze músicas apresentadas no cd são covers. Tocando números das décadas de 50, 60 e 70, A CHAVE DO SOL destoa totalmente do padrão típico dos anos 1980; que era tocar bandas já daquela emergente década. Exatamente todas as músicas tocadas estão diferentes das originais, que não foram compostas para serem executadas por um power trio. Logo na primeira, "Blue Suede Shoes", muda o idioma do show do português para o inglês, mas Rubens dominou a língua de Shakespeare muito bem, sem imbromations ou macarronês. O timbre e efeito de guitarra de Rubens é marcante. Os covers não foram tirados notas a nota ficando com uma "característica A CHAVE DO SOL" que vale a audição. Por exemplo, "Jumpin' Jack Flash", com vocal principal de Luiz Domingues, está mais virtuosa nas convenções. "My My Hey Hey" está com andamento mais rápido e, obviamente, sem gaita. É engraçado que Rubens apresenta esse cover de NEIL YOUNG como "voltar aos velhos tempos", mas ele era na ocasião a música mais recente (lançada em 1979)! Quase todos esses covers estão no "Volume III", porém aqui o público estava participando mais do show. Um exemplo disso é "Cocaine", na voz principal do baterista Zé Luis, com os presentes empolgados no refrão.  A mais próxima do original é "Foxy Lady", que A CHAVE DO SOL procurou reproduzir até os sussurros e chiados da introdução. Interessante que no volume anterior o cover de JIMI HENDRIX seja "Puple Haze" com um extenso solo final de guitarra.

"Blue Wind", do JEFF BECK, intercalada com "Train Keept a Rollin'" do THE YARDBIRS está mais próxima da versão ao vivo do disco creditado a JEFF BECK WITH THE JAN HAMMER GROUP (de 1977), mas, obviamente, sem teclados. Curiosamente, essa mesma música voltou para o repertório d' A CHAVE DO SOL na versão instrumental da banda que tocou no ano de 2000, com Rubens, Zé Luis e o baixista Beto Birger. Neste show de 1983, entretanto, temos um solo de baixo bem interessante de Luiz Domingues, porém o solo mais legal aconteceu no cover de QUEEN. Em "Tie Your Mother Down", durante o solo de baixo o público começa a gritar bastante e organiza um audível coro gritando "pauleira, pauleira, pauleira".  Esse com certeza deve ter sido um show muito divertido.



Finalizando, esse quarto volume, da série de seis bootlegs, apresenta um registro que vale ouro para todos que curtem A CHAVE DO SOL, não obstante o repertório quase inteiro desse volume estar todo no anterior. Todavia, nesse a plateia interage mais e as versões de "Utopia" e "Intenções" ficaram com som mais legal. Ainda assim, no volume III está o instrumental "Átila" completo, além de "Crisis (Maya)", que não foi executada no show do Volume IV. Resumindo, quem for fã d' A CHAVE DO SOL vai apreciar os dois cd's. Ressaltamos, outra vez, a iniciativa do baixista Luiz Domingues de presentear os fãs com esse registro e ainda que o áudio esteja muito bom, dadas as condições do registro, não é aquele de um disco ao vivo oficial. "Ao Vivo em Limeira/SP 1983" vem no formato envelope simples, sem plástico interno ou externo, e mídia de cdr impresso.

Quem quiser adquirir o esse volume, e os outros três anteriores, deve contatar o baixista Luiz Domingues no e-mail ou pelas redes sociais:


luizantoniodomingues2@gmail.com
https://pt-br.facebook.com/luiz.domingues.10
https://www.instagram.com/luizantoniodomingues2/


A CHAVE DO SOL:

Rubens Gióia: Voz principal, backing vocals e guitarra.
José Luiz Dinola: Bateria, backing vocals e voz principal nas faixa 2 e 9.
Luiz Domingues: Baixo, backing vocals e voz principal nas faixa 3 e 11.

DISCOGRAFIA:

Luz / 18 Horas (Compacto, 7", 1984).
A Chave do Sol (EP, 12", 1985).
The Key (Full Lenght, LP, 1987).
A Chave do Sol (Compilação, Cd, 2001).
Ao Vivo 1982 / 1983 (Bootleg, Cd, 2020).
Demo Tape 1983 (Bootleg, Cd, 2020).
Teatro Piratininga /SP 1983 (Bootleg, Cd, 2020) .
Ao Vivo em Limeira/SP 1983 (Bootleg, Cd, 2021).


Ao Vivo em Limeira/SP 1983 -  Crossover Records - Nacional - Bootleg - 43" - 2020.

01. Luz (04:20).
02 . Utopia (03:17).
03 . Intenções (04:32).
04 . 18 Horas (07:55).
05 . Átila (00:37).
06 . Blue Suede Shoes (02:49) cover de ELVIS PRESLEY (original de CARL PERKINS).
07 . Tie Your Mother Down (05:53) cover do QUEEN.
08 . Foxy Lady (03:27) cover do JIMI HENDRIX EXPERIENCE.
09 . Cocaine (02:32) cover do ERIC CLAPTON.
10 . My My Hey Hey (04:34) cover do NEIL YOUNG.
11 . Jumpin' Jack Flash (03:55) cover do THE ROLLING STONES.
12 . Blue Wind / Train Kept a Rollin' (04:14) cover de JEFF BECK WITH THE JAN HAMMER GROUP.

SITE RELACIONADO: 

http://achavedosol.blogspot.com/

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segunda-feira, fevereiro 08, 2021

BLACK SABBATH: ritmos cubanos, experimentação, colapsos e teclados em "Vol. 4".

TÍTULO ORIGINAL:
How Drugs and Experimentation Became the Main Ingredients for Black Sabbath’s Vol. 4.

AUTOR: 
Bryan Reesman.

LINK ORIGINAL: 
https://blog.discogs.com/en/black-sabbath-vol-4-album-retrospective/?utm_source=homepage&utm_medium=discogs&utm_campaign=Artist_2021_01_22

PUBLICADO EM:
22/01/2021.

TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO:
Willba Dissidente.

Rock Pesado e experimentação sempre formaram estranhas combinações. Parte do que torna o gênero querido para seus fãs é a maneira como ele não se ajusta ao mainstream. No entanto, embora alguns fãs gostem de bandas que tentam se arriscar musicalmente, há quem prefira que as bandas mantenham seu som clássico porque é esse o som que os fascinou. Todavia, "sair da caixa" frequentemente leva a gravações clássicas que resistiram ao teste do tempo.

Caso em questão: "Vol. 4" do BLACK SABBATH. Como Steve Huey do AllMusic, observou: "Fãs fieis, cansados ​​dos padrões, ouvem esse álbum e alguns acabam o tendo como seu disco favorito do Sabbath por suas excentricidades e pela incorporação dos excessos da banda." O primeiro trabalho auto-produzido do grupo, "Vol. 4" definitivamente possuía os elementos sombrios e arrastados que os tornaram tão populares em seus três primeiros lançamentos - "Black Sabbath", "Paranoid" e "Master of Reality" - mas este expandiu paleta auditiva da banda em várias maneiras. Ele também mostrou um apetite crescente por substâncias ilícitas.

BLACK SABBATH (1972) Vol. 4



Após escrever seu ode a 'Sweet Leaf" ("erva doce" em tradução livre, canção cuja letra supostamente fala do uso de maconha) em seu terceiro álbum, os membros do Sabbath foram "Snowblind" (canção cuja letra supostamente fala do uso de cocaína) no "Vol. 4", com suas composições e execução impulsionadas por fileira após fileira de ouro branco. De acordo com dados recentes oferecidos pela banda, o "Vol. 4" custou U$ 60.000 para fazer. Em outras declarações, eles supostamente gastaram US $ 75.000 em montanhas de cocaína. Geezer Butler, o baixista, diz que metade do orçamento do álbum foi para as drogas, então, juntando as declarações, o álbum custou US $ 105.000, 00. Naturalmente, essa revelação pública não aconteceu até muitos, muitos anos depois, muito depois de grandes carregamentos serem contrabandeados para as casas e estúdios dos membros da banda.

Ao lado dos excessos do Rock'n'Roll,  o verdadeiro motivo de "Vol. 4" se destacar como um dos melhores lançamentos de Sabbath é que eles foram capazes de expandir seu som sombrio, que provou ser influente nas futuras gerações de Metalheads. Eles certamente estabeleceram as bases para as bandas de Stoner, Doom e Sludge que vêm surgindo desde a década de 1980.




Ozzy Osbourne na mesma pose da emblemática capa de "Vol. 4". Fonte: divulgação.


Os três primeiros álbuns do Sabbath foram gravados em Londres com Rodger Bain, mas o produtor e o grupo (vocalista Ozzy Osbourne, guitarrista Tony Iommi, baixista e principal letrista Geezer Butler e baterista Bill Ward) não estavam em sintonia na direção deste quarto disco. Assim, a banda e seu empresário, Patrick Meehan, decidiram cuidar sozinhos dos afazeres de estúdio. Eles voaram para Los Angeles e alugaram a mansão no estilo dos anos 1930 do então proprietário Josh Du Pont (então herdeiro da fortuna da família DuPont e mais tarde o único executivo da Fortune 400 a ser condenado por assassinato). A casa estava localizada em 773 Stradella Road, em Bel-Air, que certamente era um local chique para o grupo de operários britânicos de Birmingham. Eles ensaiaram na casa e gravaram no Record Plant em Hollywood durante maio de 1972. O álbum foi lançado no final de setembro.


O sol extra e os arredores vibrantes do sul da Califórnia não amenizaram o peso do BLACK SABBATH, mas ampliaram os horizontes da banda. A triste balada, "Changes", executada no piano e no mellotron foi algo inesperado e mais acústico por natureza, com o vocal sincero de Osborne emitindo letras simples inspiradas pelo divórcio vindouro de Ward. “Supernaut” tem levada impulsionada por ritmos ao estilo cubano. O bucólico instrumental “Laguna Sunrise”, supostamente inspirado por Iommi viajando no ácido em Laguna Beach, colocou sintetizadores de cordas angelicais sobre violões acústicos tranquilos, relembrando o enfoque acústico de “Orchid” de "Master Of Reality". "Tomorrow's Dream" vêm com refrão cativante que é tocado só uma vez. O instrumental experimental “FX” surgiu de uma confusão na guitarra que levou a uma colagem de som curta e repleta de reverberação.





"Um dia, tirei meu violão e o coloquei num pedestal. Quando fui o abaixar ele caiu fazendo BOING", lembrou Iommi para a revista Classic Rock em 2019. "Por nada na vida eu lembro o porquê de termos ficado pelados, mas foi assim que gravamos 'FX',  pulando em volta, pelados, batendo no violão. Nós estávamos chapados, é claro".

E então, temos o obrigatório elogio ao seu ingrediente secreto, chamado "Snowblind", sobre o pesadelo eufórico da droga utilizada, que acabou tendo até uma seção de cordas. Esse título foi sugerido para o álbum também, mas o selo estadunidense da banda, Warner Bros, não gostou da conotação que ele apresentava para o público em geral. Então, se decidiu pelo mais básico "Vol. 4".

No que tange o vício mortal, a música do BLACK SABBATH não caia pela tangente.  Alguns podem até dizer a coesão musical inconsciente do álbum foi resultado dos excessos da época, mas é a inesperada diversidade que se mantém elogiada pelos fãs e críticos há quase 50 anos. 

"Os três primeiros discos podem ser colocados todos na mesma fornada, mas ("Vol. 4") foi quando nós começamos a introduzir elementos diferentes", Iommi escreveu em livro de memórias "Iron Man: My Journey through Heaven and Hell with Black Sabbath" (2011) . Eu encontrei um piado no salão de baile da casa e costumava tocar aquela coisa após milhões de fileiras de cocaína. Eu nunca tinha tocado um piano antes e comecei a aprender lá e então, em algumas semanas. Preste atenção, eu ficava acordado a maldita noite toda após uma fileira de cocaína, tocava um pouco, outra fileirinha, então eu fiquei acordado o equivalente a seis semanas".


 

Escutar o piano, arranjos de cordas e mellotron num disco do BLACK SABBATH pode soar destoante para muitos fãs leais, mas os anos 1970 foram época de experimentação para muitos nomes do Heavy Rock. Considerando que o BLACK SABBATH era ponto zero para o nascimento do som pesado em Birmingham, Inglaterra, ainda não haviam regras para o gênero que nascia. De fato, eles estavam escrevendo muitas regras. Lá pelos anos 1980, muitas bandas de Heavy Metal tradicional iriam banir o piano e teclados em favor do som pesado e orientado para a guitarra.

A experimentação e mente aberta abriram a porta para mais instrumentações mais ecléticas em seu próximo álbum, "Sabbath Bloody Sabbath". Este opus incluía cravo, flauta, gaita de foles, bongôs, tímpanos, palmas, cordas e o teclado de RICK WAKEMAN em "Sabbra Cadadra". O estrondoso quarteto até convocou o English Chamber Choir para a sublime instrumental "Supertzar" em seu sexto álbum, "Sabotage".

Os excessos do BLACK SABBATH chegaram ao topo no "Vol. 4" e o grupo começou a superar seus vícios, após seu comportamento gerar consequências. Durante a produção do disco, eles pregaram uma peça no baterista Bill Ward, na qual seu corpo foi pintado com spray de tinta dourada que supostamente era venenoso. Osbourne frequentemente desmaiava de tanto farrear, onde ele perdia completamente a noção de tempo. Enquanto eles estavam em turnê naquele ano, alguém colocou drogas na bebida de Butler, levando a uma espontânea tentativa de suicídio no Hotel. "Tony e Bill tiveram de me segurar na cama", Butler contou jornal The Guardian em 2013. "Eu comecei a me distanciar das drogas depois disso". Iommi disse ter sofrido um colapso após a apresentação no Hollywood Bowl no meio de setembro de 1972 após ingerir muita cocaína. Esse incidente levou ao cancelamento das datas restante na turnê pela América do Norte e colocou a banda de folga por dois ou três meses. Esse tempo para descansar era algo que ele precisavam desesperadamente depois de cinco anos seguidos de turnês e produção de álbuns. 


 

Não obstante os problemas relacionados às drogas, "Vol. 4" se tornou uma rica tapeçaria de sons pesados e suaves, momentos escuros e claros que demonstram as diferentes facetas musicais do BLACK SABBATH. O álbum quebrou as barreiras da música pesada e facilmente destrói o estereótipo que esse gênero é simplesmente uma monolítica parede de som que só serve para fazer estourarem seus tímpanos. Se algum detrator quiser discutir isso, o faço ouvir "Vol. 4" o mais rápido que puder. Isso deve o calar a boca. Talvez, o faça sorrir também.

Publicado em parceria com a Rhino. 

Site relacionado:

https://www.loudersound.com/features/fear-and-loathing-in-los-angeles-the-story-of-black-sabbaths-vol-4